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O meu melhor amigo era um rapaz formidável. Era simpático, inteligente, carinhoso, sensível, divertido e forte. Era uma lista de qualidades que o caracterizavam, a meu ver, de um modo excelente. Mas o meu melhor amigo morreu, como o Novo Ele fez questão de me explicar. O Novo Ele é um rapaz que não conheço, é um rapaz que apenas tem o olhar que eu conhecia. É complicado. Quando o vejo tenho a tentação de o supor ele, o meu melhor amigo, o que na verdade não acontece, pois quem está ali é o Novo Ele.

Durante algo tempo, tudo isto me fez bastante confusão. A saudade, a tristeza e, posso até dizer, alguma mágoa fizeram-se sentir como nunca em mim. Não conseguia sorrir, nem chorar, nem ser a mesma miúda de antes. Sentia que, de certo modo, o meu melhor amigo tinha levado consigo parte de mim... A melhor parte. Era angustiante vê-lo com novos amigos, a rir, sem poder estar mais perto. Mas ainda era pior quando o via com aquele olhar, aquele olhar que não mudou e que eu sabia denunciá-lo triste, preocupado. Vê-lo e não poder fazer nada.

Durante algo tempo foi assim, mas não é mais. Aprendi que não posso salvar alguém que não quer ser salvo, que talvez nem precise... As pessoas tem o direito de fazer as suas escolhas e o meu melhor amigo fez a dele. Ele não existe mais, e eu não posso fazer nada a não ser guardar uma foto nossa na gaveta, foto que não vou rasgar, nem queimar nem nenhuma outra estupidez do género. Porque o meu melhor amigo continuará sempre comigo, assim como os abraços que me deu, as palavras que me disse e os momentos que vivemos juntos.